Estação Ferroviária

Itirapina teve duas estações, nenhuma hoje em funcionamento. A primeira estação funcionou de 1885 a 1916 e a segunda de 1916 a 2001.
14 de março de 2001 foi a ultima viagem feita com trem de passageiro
 
Cia. Rio-Clarense (1885-1888)
Rio Claro Railway (1888-1892) 
Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1892-1916)
 
1ª Estação - ITIRAPINA-VELHA 
Ramal de Jaú - km SP-2143
Inauguração: 01.07.1885
Uso atual: moradia - sem trilhos
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Jaú foi construído pela Cia. Rio-clarense entre 1885 e 1887, ligando a estação original de Visconde do Rio Claro a Jaú. Entre 1929 e 1931, já com a Paulista, esse ramal sofreu uma retificação entre as estações de Campo Alegre e de Dois Córregos, mantendo apenas a estação de Torrinha em seu lugar entre os dois extremos da obra. Em 1941, o ramal foi totalmente reformulado e teve a bitola ampliada e foi eletrificado, além de ter sido juntado com os ramais de Agudos e de Bauru para formar o tronco oeste da Paulista. Nos anos 70, o nome ramal de Jaú ainda persistia nos horários de trens do Guia Levi, apesar de oficialmente não existir mais a denominação.
 
A ESTAÇÃO: A estação original de Itirapina foi inaugurada pela Rio-clarense em 1885 com o nome de Morro Pellado, ainda na época no município de Rio Claro. A estação original era, então, a primeira do ramal de Jaú, logo após a bifurcação em Visconde do Rio Claro, e deu origem à povoação que acabou por se tornar mais tarde o município de Itirapina (1935). Aliás, Itirapina, na língua Tupi, significa exatamente "morro pelado". O nome atual foi dado à povoação no ano de 1900. Em 1916, a estação original deu lugar à nova, construída em um local a cerca de 500 metros da antiga, para que pudesse abrigar a bifurcação de linhas, e que passou a pertencer ao tronco principal. A estação antiga existe até hoje. Este prédio sobreviveu ao tempo, mesmo estando desativado, servindo hoje como moradia.
 
 
Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1916-1971)
FEPASA¹ (1971-1998) - 2001
 
2ª Estação - ITIRAPINA
Linha-tronco - km 174,370 (1958)     SP-2144
Inauguração: 01.06.1916
Uso atual: fechada - com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1916
 
HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco da Cia. Paulista foi aberta com seu primeiro trecho, Jundiaí-Campinas, em 1872. A partir daí, foi prolongada até Rio Claro, em 1876, e depois continuou com a aquisição da E. F. Rio-Clarense, em 1892. Prosseguiu por sua linha, depois de expandi-la para bitola larga, até São Carlos (1922) e Rincão (1928). Com a compra da seção leste da São Paulo-Goiaz (1927), expandiu a bitola larga por suas linhas, atravessando o rio Mogi-Guaçu até Passagem, e cruzando-o de volta até Bebedouro (1929), chegando finalmente a Colômbia, no rio Grande (1930), onde estacionou. Em 1971, a FEPASA passou a controlar a linha. Trens de passageiros trafegaram pela linha até o final de 2000.
 
A ESTAÇÃO: Em 1916, a Paulista inaugurou a nova estação de Itirapina, em um ponto diferente do da antiga estação que até oito anos antes ainda se chamava Morro Pellado. Ali seria o ponto de encontro do novo tronco, agora com bitola larga, seguindo para Rio Claro, com o ramal de Jaú. Este já era o plano desde 1880, se a Paulista tivesse obtido naquela época a concessão do Governo Provincial para estender suas linhas para São Carlos e Jaú. Durante todos esses anos, na Rioclarense e depois na Paulista, a estação de Visconde do Rio Claro é que vinha tendo esta função, num local considerado inadequado. A velha estação de Itirapina, que pertencia ao ramal de Jaú, foi desativada e transformada em depósito no mesmo dia da inauguração da nova e mais tarde desativada. O ramal de Jaú acabou por se "fundir" aos outros ramais que dele saíam, como o de Agudos, para formar, em 1941, o tronco oeste de bitola larga da Paulista, transformando Itirapina em ponto de bifurcação e não mais de baldeação de uma bitola para outra. Em 1986, a estação já tinha problemas, segundo o relatório da Fepasa (RIFF): "Funcionando em estado regular. Precisa não apenas de uma reforma, mas sim uma restauração geral. 
Começou a ser reformada há alguns anos, quando teve retirados (e depois desapareceram) todos os azulejos portugueses. A reforma não passou daí. A estação no entanto mantém-se basicamente completa e original, sem ter sofrido grandes alterações". Em 2001, a estação estava completamente abandonada e tomada por mendigos, tendo servido de ponto (perigoso) de baldeação e de embarque e desembarque entre as duas linhas para os raríssimos passageiros dos trens da Ferroban, até a sua desativação em 15 de março de 2001. No 1o. de maio seguinte, desocupados causaram um incêndio violento em frente à estação, que destruiu um dos vagões abandonados de madeira, e também a cabine de comando. Ficou abandonada a estação por vários anos, até que em 2007, começou a ser reformada pela prefeitura local. Em 2011, a reforma não acabou e está tudo largado.
 
O ano era 1975. Vinha de Itapetininga com o trem MS 6 (Este prefixo só circulava aos domingos) o qual se conectava com o PS 4 em Iperó, que procedia de Botucatu. Chegamos no horário, mas a linha principal estava com atrasos de mais de cinco horas na circulação. Ficamos aguardando na plataforma 1 sob um tremenda chuva. Minutos depois ouvimos um trem chegando. Pensei que era o P 4 e que seguiríamos viagem em seguida. Nada. O trem ficou alguns instantes parado e em seguida partiu. Soubemos que era o LR 8, procedente de Ourinhos. E o motivo da não conexão era que aquele trem era o rápido e não fazia parada intermediárias. Para nosso alívio, minutos depois nosso trem, com apenas UM carro, recebeu ordem de partida e lá fomos nós em direção à capital. No final da história, o trem chegou em Carapicuíba com alguns minutos de atraso" (Carlos Roberto de Almeida, 10/11/2010).
 
 
A ÚLTIMA VIAGEM DOS TRENS DE PASSAGEIROS EM SÃO PAULO CAMPINAS-BAURU 14-15/03/2001²
 
A partida na estação de Campinas e a espera na plataforma, enquanto o maquinista olha da locomotiva que vai partir de Campinas em direção a Bauru. Enquanto passagens para Bauru são guardadas como lembranças de algo que não voltará mais, o trem ainda espera o embarque e a partida na plataforma de Campinas, fotografado agora duas vezes por Vanderlei Zago. O trem parte, e, depois de alguns minutos de viagem, ele para junto à abandonada estação de Boa Vista, é fotografado de fora outra vez por Vanderlei Zago  e parte novamente para chegar a Sumaré, onde muitos já descem do trem. Mais algum tempo, e depois a composição volta a parar na estação-fantasma de Cordeirópolis, antigamente uma das mais belas da Cia. Paulista. As fotos tomadas na plataforma de Cordeirópolis são desoladoras, mas mesmo com o abandono da estação, o local ainda é belo. O armazém está quase coberto de tanto mato. A cabine, depredada e em ruínas. As obras na via existem, apesar do abandono em muitas outras partes. E, quando chega à estação de Itirapina, outrora movimentadíssima, com as baldeações para Bauru e Panorama, hoje o abandono é o mesmo do de Cordeirópolis. Ninguém ali, somente os valentes passageiros do último trem. Alguns descem para entrar no trem que ali estava esperando para conduzi-los a São José do Rio Preto. E, ao contrário dos dias de glória, neste caso, se o trem que vinha de Campinas se atrasasse, ele sairia vazio mesmo. O descaso é total.O trem de São José do Rio Preto é fotografado por Vanderlei Zago. Mas o trem de Campinas chegou no horário. A viagem segue em direção a Bauru, e ainda no pátio da estação, pode-se ver carros de socorro que são hoje utilizados pela Ferroban. Um detalhe do velho trilho da Paulista, de 1901 (ainda do tempo da bitola métrica naquelas paragens!) e, algum tempo depois, a cabine de controle da estação de Dois Córregos, estação que, poucos meses depois, seria incendiada e quase destruída. O trem passa pela região de Jaú e chega ao rio Tietê, onde cruza a ponte de Ayrosa Galvão. Esta é a terceira, de 1967, as outras duas, uma de 1903, outra, de 1941, foram abandonadas à medida em que as mais novas eram construídas. E finalmente, ele chega a Bauru pela última vez. Até dois ou três meses antes, ele ainda ia até Panorama, mas ultimamente parava mesmo em Bauru. A estação já está abandonada há meses. Agora, sem o trem, deteriorar-se-ia de vez. As plataformas, salas, bilheterias, tudo vazio, num abandono de dar tristeza. Nem o relógio funciona mais. A reportagem do jornal de Araraquara mostra o último trem que partiu de São José do Rio Preto, na viagem de volta, em 15/03/2001, e parou na estação de Araraquara, dali partindo para Itirapina. E o jornal Agora, da Capital, mostra a reportagem sobre essas últimas viagens, embora com um mapa cheio de erros (principalmente quando mostra as linhas da antiga Paulista e Araraquarense). Meu Deus! O que fizeram com as nossas ferrovias?
 
 
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¹ No dia 09/11/1998 a  antiga Fepasa, é vendida pela Refesa para a concessionária Ferroban.
 
Em 16/01/1999 a Ferroban extingue definitivamente o trem de passageiros do antigo tronco da Sorocabana, de São Paulo a Pres. Epitácio, e suspende os da linha Sorocaba-Apiaí; na mesma data, a Ferroban suspende os trens de passageiros do tronco das ex-Paulista e Araraquarense, trecho São Paulo-Araraquara-S.J.Rio Preto e também do tronco oeste da ex-Paulista, de Itirapina a Panorama  
 
Sete meses depois em 01/08/1999 a Ferroban reativa o trem de passageiros nos trechos Campinas-Panorama e Itirapina-Araraquara-S.J.Rio Preto. Da estação da Barra Funda, em São Paulo, que havia substituído a estação de Luz havia alguns anos para as partidas para o interior, nunca mais partiriam trens de passageiros de longo percurso. A primeira composição parte de Campinas com nove carros; já na segunda viagem, o número de carros é reduzido para três. As saídas, inicialmente três vezes por semana, caem para apenas duas, às quartas e às sextas-feiras, poucas semanas depois
 
No dia 14/03/2001 A Ferroban faz sair os últimos trens: Campinas-Bauru e Itirapina-São José do Rio Preto. No dia seguinte, fazem o percurso inverso e terminam de vez. 
 
No 01/05/2001 Um violento incêndio destrói a cabina de comando e carros na abandonada estação de Itirapina, outrora um dos maiores pátios ferroviários do interior em que duas linhas-tronco da antiga Companhia Paulista se uniam.

 

² As fotografias da ultima viagem pode ser vista no site da estação ferroviaria. O link se encontra em referências.

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